O lago e a lua
No espelho d’água mirei a lua. Como era bela a lua.
Eu a contemplava como a criança que vê a imensidão e a ama, no entanto não a compreende.
E quando, mãos trôpegas vencidas pela viagem da vida eu tocava a água, a lua se escondia.
E mal novamente tocava o espelho no qual a lua se refletia e logo ela se ia.
Para onde iria a lua? Desisti de tocá-la. Passei a contemplá-la. Talvez houvesse um jeito de tocar a lua.
Muitas noites se passaram e eu entre o lago e a lua aos poucos me consumia.
Quando percebi que a lua não me pertencia, que distante ia dos meus anseios pagãos, passei a amar também o lago porque nele morava a lua que fugia da imensidão.
Amei, amei, amei o lago e a lua sem tocá-los. Só com o coração.
E só assim teve descanso minha pobre e trôpega mão.
Cira - a que finalmente entendeu a lua.
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