terça-feira, 27 de dezembro de 2011
ENSAIANDO VÔOS
Ensaiando vôos
Quando algo turba minha paz, gosto de morrer. Deixo morreu o Eu e tudo volta a ser ventos de paz. Vento brejeiro e benfajezo.
Porque independente do que há em mim, lá no fundo do meu Eu, só o amor vale a pena.
Por isso gosto de morrer. Tanto que já nasci morrendo. Um pouco a cada minuto e nesse morrer constante renasço lépida como a borboleta que vence o casulo.
Amo borboletas pois elas me ensinam a morrer lagarta e renascer para o voo. E se por fora finjo que já desisti de tudo, há dentro de mim uma força hercúlea que me move, remove e reconstrói.
Eu aprendi a voar depois de saber rastejar, andar e galgar o muro que meu Eu me impôs por séculos.
O único rumor que há em mim é o farfalhar de asas borboleteando entre um morrer e outro.
Alguns me acham rasa exatamente quando sou profunda. Outros me veem profunda quando as aguas do entender mal alcançam meu entendimento.
Minha alma é leve porque aprendi a voar e voando aprendi que o céu é o limite e entre voar e limiar os céus, morrer de si, do Eu é o verdadeiro encontro com a vida.
Sou paradoxo, sou prolixa, sou preguiça de viver no acalanto dos afãs vãos e perdidos em mesmice.
Saí do sonho para brincar nas arenas. Nas arenas da vida aprendi a morrer para conhecer a vida. E vivo. E estou viva e não morrerei facilmente, afinal aprendi a voar e quando se voa só o céu é o limite. E lá entre o voar e o limiar dos céus descobre-se que não se morre nunca, apenas se deixa os casulos de lado: do apego, do egoísmo, do medo de não viver.
Cira Munhoz- ensaiando voos
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