terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A BALA

A BALA

Não é a bala que mata, mas a mão que empunha a arma.
Uma bala encravada na garganta chamada indiferença e até descrença do amor, é mortal. Fatal. Final.
Com um tiro se derruba o pássaro mesmo no mais alto galho da alegria. Ou se derruba a machado a árvore da amizade deixando-lhe o tronco jogado, hirto, ermo.
Por deveras importante é o alvo derrubado. Não se gasta bala com alvos inúteis. Nem se afia o machado sem que a força da mão venha do coração.
Mas não é a bala que mata, é a mão que empunha a arma.Talvez no fundo eu tenha pedido para morrer mais essa morte, o morrer de querer bem.
Eu cantava em tua janela uma canção de amor, de irmão, de confraternização. E de tua janela veio o eco, aquele eco que tantas vezes voce dizia buscar sem achar, o eco da bala que me feriu a alma.
Eu cantava em tua janela, despercebida da dês-importância de ser pássaro e cantar.
O tiro veio de um jeito dissimulado, triste, trágico porque a mais mortal ( para a alma) é a bala da indiferença.
O mais triste de mais essa morte, é saber que nem enterrará o pássaro baleado amorosamente em tua janela. Nem usará a madeira da arvore ao léu abandonada.No chão apodrecerei porque preciso voltar ao pó. E serei apenas mais um pássaro que ao manejo de tua mão fadou-se à indiferença. Eu quis ser pássaro airoso de cores radiantes para encantar teus olhos, talvez fosse. Quis ser arvore com frutos para saciar qualquer fome de qualquer passante.
Meu irmão... onde quer que voce esteja, que Deus não te permita mais matar sonhos de irmãos. Que eu pássaro baleado, venha a me fossilizar no chão em que fui jogada ou me transforme em arvore caída, inerte, mas que nela voce venha a se sentar um dia e lembrar de amores irmãos torpemente baleados.
Irmão... não foi a bala que me atingiu... foi a mão fria que tocava teu coração.

Cira, descobrindo que a arvore caída pode gerar novos brotos e tornar a ser árvore com outras folhagens.

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